sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ácidos carboxílicos e cotidiano

Ácidos carboxílicos e cotidiano
Acido metanóico – o acido metanóico ou acido fórmico é o mais simples dos ácidos orgânicos não ramificados, e o mais forte. Historicamente foi obtido a partir da destilação de formigas, daí o nome fórmico (do latim – formica). É encontrado em formigas e abelha, excretado durante a picada destes insetos.
O acido metanóico é um líquido incolor, solúvel em água, de odor apimentado. Em contato com a pele produz bolhas semelhantes a queimaduras. É usado industrialmente na conservação de sucos e frutas, na desinfecção de tonéis de vinho e cerveja, no tingimento de lã e no curtimento de pele de animais.
Ácido etanóico – o ácido etanóico ou acido acético, é o mais importante dos ácidos carboxílicos. Tem sua origem na antiguidade, obtido a partir de vinhos azedos.
No vinagre o ácido etanóico está presente numa concentração aproximada de 5% desse ácido e o restante de água, conservantes etc...
O acido acético usado em laboratório tem o nome de acido acético glacial, assim chamado, porque em dias frios, abaixo de 15º C, ele se transforma em sólido com aspecto de gelo.
Fabricação de vinagre – o vinagre é obtido pela oxidação do álcool etílico existente no vinho, sidra, suco de maça fermentado e cerveja sem lúpulo. Esses materiais em presença do oxigênio do ar e bactérias do gênero acetobacter transforma etanol em vinagre:
OH O
Acetobacter
bactérias //
H3C – CH2 + O2 H3C – C + H2O
\
OH
Etanol vinagre
O uso do ácido etanóico – na forma de vinagre o ácido etanóico é utilizado nas saladas como tempero. É um dos ingredientes da maionese, molhos picantes, ketchup, molho de mostarda, conservantes (picles) etc...
Na forma de acido etanóico é usado na indústria para preparar alguns plásticos como rayon. Serve também para preparar ésteres, aspirina, sulfas, alvaiade, anilina, borracha natural e sintética.
Certos animais marinhos da família dos celenterados, como a medusa (água-viva) e anêmonas e corais – de – fogo, expelem dos seus tentáculos substância tóxica que em contato com a pela da planta do pé ou da palma da mão de pessoas produz intensa queimação e ardência. Uma forma de tornar inativo o veneno destes animais é aplicar no local de contato, ácido acético a 5%, ou seja, vinagre comum. O vinagre, que atua como tempero de saladas e maionese, inativa a toxina, (uma enzima que destrói proteínas) existente no veneno da medusa.
Um dos componentes das uvas e também do vinho é o ácido 2,3 – hidróxi – butanodióico – ou ácido tartárico, descoberto por Luis Pasteur. Também é usado nos efervescentes (sal de frutas).
O ácido ascórbico é a vitamina C. muito abundante na natureza, especialmente nas frutas cítricas, é encontrada em grandes concentrações na tangerina, laranja, limão, ameixa, acerola, tomates, pimentões etc. Sua fórmula é:

O OH O
\\ //
C – CH2 – C – CH2 – C
/ \
OH C OH
/ \\
HO O
A manteiga contem derivados do acido butanodióico, que conferem a ela seu odor característico. Quando a manteiga fica velha, formam-se grandes quantidades desse ácido, responsável pelo cheiro característico da manteiga rançosa.
Em muitos queijos o responsável pelo aroma, mesmo presente em pequenas quantidades, é o ácido pentanóico.
Você já ouviu falar que os cães conhecem os donos pelo cheiro? Isso se dá pelo fato de os seres humanos apresentarem junto à pele glândulas que produzem e liberam ácidos carboxílicos. A composição da mistura destes ácidos varia de pessoa para pessoa. Assim, cada individuo apresenta seu “cheiro característico”, que os animais de faro desenvolvidos conseguem diferenciar. Esses ácidos são, também, responsáveis pelo cheiro do suor humano e de outros animais.

Um pouco sobre desodorantes
Os cientistas ainda estudam os processos que ocorrem na pele humana e os motivos do odor desagradável da transpiração. Entre os muitos progressos obtidos nos últimos anos, está a descoberta de que ácidos carboxílicos são em geral, as substâncias responsáveis pelo mau cheiro. Entre eles, um dos principais é o ácido – 3 – metil – 2 – hexenóico.
Esses compostos malcheirosos são produzidos por bactérias que se “alimentam” do material liberado por glândulas que temos nas axilas. Tais bactérias são encontradas em 90% dos homens e 60 % das mulheres.
Existem muitas variedades de desodorantes no mercado. Algumas marcas simplesmente tentam utilizar um perfume para mascarar o cheiro da transpiração. Outras incluem em sua composição substâncias que inibem a atuação dos microorganismos.
Outros desodorantes contem substâncias básicas, capazes de neutralizar os ácidos responsáveis pelo odor desagradável. Há no mercado, por exemplo, talcos e desodorantes que possuem bicarbonato de sódio. A função desta substância é diminuir o odor por meio de reação com ácidos carboxílicos, transformando-os no sais correspondentes.
Desde há muito tempo, um “saber popular em química” recomenda o uso de leite de magnésia, como desodorante. Isso realmente funciona!A justificativa baseia-se nas propriedades básicas desse produto, que é uma suspensão aquosa de Mg(OH)2. Assim, ele é capaz de neutralizar os ácidos da transpiração, eliminando o odor.